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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Diálogos aritméticos

O menino de amor todo avoado
esquece até como se soma,
vai desistir de modo algum
e diz que diz que não desdiz
que um mais um ainda é um.


Falei pra ele “não, menino,
quando aprendi aritmética,
juntei banana mais banana,
e um mais um, certeza, é dois,
esquece que a mim não engana.”


Respondeu de pronto “não,
pode somar suas bananas,
que somo eu e minha metade
o resultado é sempre um
ou vai dizer que não é verdade?”


Disse-lhe “ei, que conta estranha!
não foi assim que eu aprendi,
sei que um mais um é dois.
Mas se tá tão apaixonado
dê logo nome aos bois.”


Respondeu bobo “É Maria,
Maria José, tal é sua graça
Maria José Silva Pereira
ela é minha e toda minha!,
usa até flor na cabeleira!”


Disse “mas como ‘sua e toda sua’?
Quando se está de namorico
- seja Maria ou José o tal amante -
Maria não é de Maria
seja antes ou depois e até durante?”


“Mas com a gente a coisa muda!
Ela é meu anjo precioso
e eu sou anjo de Maria!
Agora é um o que era dois
e vê se deixa de teimosia.”


Tempo passou e logo veio,
tristonho de tudo, de cara molhada
“Menino, que há, por que chora?”
Respirou, titubeou e respondeu cuspido
“É Maria, que me deixou e foi embora.


Foi, dos meus dias, os mais lindos
mas hoje em dia só me dói.
Dei flor, amor e dei poema.
Bem que podia ser pra sempre
que nem romance de cinema!”


“Menino, o amor de vocês foi bonito,
mas amor acaba, é bem sabido.
O que foi uma só vida agora é meia e meia.
Vai deixar erro bobo de aritmética
te fazer ser só a metade a vida inteira?”


1 bj à Luisa Caron

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