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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Escarlate

Hoje, eu, Giulia Confuorto de Castro, numa segunda feira, dia 16 de agosto de 2010, estendi meus braços ao céu e conversei com Deus.
Mostrei para o alto meus dedos médios encimados por unhas escarlate e disse "Aqui!, seu filho da puta, você não existe porra nenhuma, vai tomar no seu cu!".
E hoje, apenas, nessa tarde fria pra caralho de agosto, concluí, fatídica e indubitavelmente, que a vida não é justa.
Ah, vá.
Que um cara gente boa que ajuda os pobres, oprimidos, negrinhos e missionários (créditos Chaves - entendeu ou não, foda-se) não existe, eu já sabia. Mas deixar de crer nisso foi tão espontâneo e desenrolou-se tão continuamente, digo, de maneira lenta, ininterrupta e gradual, que nunca me causou raiva ou tristeza ou qualquer sensação ruim. Nunca tinha mandado deus tomar no cu, muito menos pessoas que ainda acreditam - eu as respeito do mesmo jeito que queria ser respeitada.
Não é preciso falar que a raiva só apareceu - e explodiu - hoje porque algo injusto aconteceu com a pessoa que vos fala. Pois é, ficamos abismados quando acontece com os outros, mas puto de verdade, só quando é com a gente. Homem é um bicho muito egoísta, não?
Sem cu doces e resumindo, meu emputecimento veio de algo que me fez concluir que princípios bons - bons na minha ótica - não valem nada uma vez que bonzinhos e mauzinhos, todos nós, estamos suscetíveis ao ato de se foder.

Aquele que devia reconhecer as boas ações não o faz. Falo dos homens.
Aquele que devia recompensar as boas ações não existe. Falo de deus.
E agora, José?

Bem, há pessoas que não têm o que comer, nem onde morar, nem têm acesso ao conhecimento e nem alguém que as ame e a quem possam amar. Vá à merda com qualquer teoria divina que justifique isso. Na boa, pau no seu cu.

A justiça tarda, mas não falha?
A justiça tarda e falha.
A justiça que tarda já falhou.

Pra quem quiser saber, fui mal educadinha com a pessoa errada. Estava com raiva da minha situação e da omissão de reconhecimento aos meus atos.
Porque, afinal, não dá pra ter raiva de deus. Ninguém tem culpa de não existir.
Até aqui, meu discurso soou pessimista e estoico, mas, em minha defesa, só digo que eu acredito no amor. Poderia escrever um longo texto sobre ele, mas não é preciso. Ele existe. E vai pra ele o meu bj hoje.
Hoje e sempre.

2 comentários:

  1. Embora acredite em Deus, paguei um pau legal pro seu texto, pqp.

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  2. Acho válido acrescentar que não tenho ódio nenhum de Deus e tal. A raiva expressa no texto é mais em relação à situação do que a Deus em si.

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